quinta-feira, 30 de julho de 2015

TERCEIRO ATO: "TYRANNA"


No terceiro ato da OPERETA MARUMBY, Benedito Nicolau dos Santos resgata o fandango do litoral do Paraná em uma canção que nomina "Tyranna". Na produção de 2015, a canção será apresentada com a participação da ORQUESTRA RABECÔNICA DO BRASIL.

No ensaio de 29 de julho de 2015, recebemos a visita da simpática Juraci Schicovski, que registrou o ensaio do coro, para este fandango... e até o comecinho do Hymno de Curitiba (o primeiro hino histórico da cidade). Amostra grátis, um vídeo com o ensaio do coro enquanto esperamos, ansiosos, pela presença dos "rabecôncios"!




terça-feira, 28 de julho de 2015

ANOS 20 - A "LEI SECA AMERICANA"

Em 1917, o Congresso norte americano aprovou uma resolução de emenda à Constituição dos Estados Unidos para proibir a venda, importação, exportação, fabricação e transporte de bebidas alcoólicas em todos os Estados Unidos. Começava a "LEI SECA" americana, adotada em outubro do mesmo ano.




O álcool, entretanto, continuou a ser produzido clandestinamente e importado ilegalmente dos países vizinhos, acarretando um aumento considerável da criminalidade organizada. O álcool se tornou um dos principais artigos da indústria subterrânea, pois a ilegalidade da prática resultou em preços elevados no mercado negro. É a época de Al Capone e outros chefes da máfia americana, que fizeram milhões de dólares por contrabando e venda ilegal, envolvendo uma rede de corrupção de policiais e autoridades envolvidas na fiscalização.










Pois com a proibição, a demanda só fez crescer. Há registro de inúmeros casos em que os cidadãos compraram licor massivamente durante as últimas semanas de 1919, já que a lei entrou em vigor em 17 de janeiro de 1920, perdurando até 07 de abril de 1933. Muitos dos crimes mais graves registrados na década de 20, nos EUA, incluindo roubo e assassinato, foram o resultado direto dos negócios ilegais de álcool que operaram durante a Lei Seca.










A Lei Seca americana teve reflexos e foi discutida em todo o mundo.

E na OPERETA MARUMBY, Benedito Nicolau dos Santos pontua a questão com uma alegre comemoração à criação de um "novo licor", batizado "Marumby", o licor do Paraná.

E assim, descobrindo as curiosidades de época, prosseguem os ensaios da OPERETA MARUMBY!


À esquerda, embaixo: Rodolpho, Thyncia, Célia, Werner, João. Acima, Heitor, Luiz, Melody, Elaine, Gisleine. No alto Renato, James, e o maestro Isaque Lacerda. 













sexta-feira, 24 de julho de 2015

ORQUESTRA RABECÔNICA DO BRASIL


Na produção de 2015 da OPERETA MARUMBY, a homenagem de Benedito Nicolau dos Santos ao fandango - a canção Tyrana, no terceiro ato -, contará com a imperdível participação da ORQUESTRA RABECÔNICA DO BRASIL, um grupo de músicos e cantores comprometidos com a pesquisa, recuperação e memória do fandango paranaense.

Confiram um pouquinho do trabalho desta original orquestra, na matéria realizada pela e-Paraná (divulgação youtube):








terça-feira, 21 de julho de 2015

COXIAS - A SAGA DO PIANO

Um coro ensaia com piano... correto?
Mas ainda faltava "um piano" no Teatro Rafael Greca. Os ensaios aconteciam, mas improvisados com um teclado emprestado pela Sandra Bahr  [a quem muito agradecemos!].



A ansiedade era grande, tínhamos a promessa do nosso produtor/diretor de cena de que teríamos um piano.
E promessa de Gehad Hajar a gente pode acreditar, mesmo quando a tarefa exige uma epopéia para concretizar.


E essa saga, vou contar procês.



Gehad não se limitou a acompanhar o transporte... foi junto! 
Vc já passeou no escuro da caçamba do caminhão de transportes? 
Pois foi o que ele fez!




Desembarcar o piano era outra novela. 
A Rua São Francisco, viela antiga do setor histórico da cidade, é estreita e não tem como estacionar e;ou movimentar caminhões de carga. 
O jeito foi descer em plena Praça Tiradentes, vista da Catedral ao fundo.






E depois, claro, levar o piano "para passear". Parou o trânsito, Afinal, quando mais alguém vai ver um piano desfilando nos paralelepípedos? 



O piano ganhou rodinhas e foi conhecer a cidade.










... hora do velho senhor de sonora madeira subir na calçada. Todo cuidado é pouco!















... falta só um tantinho.... quase chegando no teatro...











Equipe de carregadores com direito a foto!














E depois de tanta emoção, finalmente o Teatro Rafael Greca tem seu piano!


Agora, fase final: regular o mecanismo sensível e afinar tecla por tecla.
(Quer saber? Sempre me impressiono com a imagem de um piano aberto... a quantidade de peças e a delicadeza de cada uma delas. Como não ter amor por um instrumento complexo, e tão belo!, como este?)






PRONTINHO!
Agora, a OPERETA MARUMBY tem piano prá ensaiar!
Muito bom!

quinta-feira, 16 de julho de 2015

OS LOUCOS ANOS 20

Ao compor a OPERETA MARUMBY, Benedito Nicolau dos Santos faz um apanhado sobre como Curitiba viveu os “Loucos Anos 20”.

E a década de 20 foi um período bastante peculiar, que se mantém na memória popular como um tempo de alegria, beleza e despreocupação, com segurança econômica, grandes avanços científicos e de confiança no futuro.





Na década anterior, a assustadora Primeira Guerra Mundial (1915/1918) e o temível surto de gripe espanhola (1918/1919) haviam modificado costumes na sociedade ocidental. A Primeira Guerra exigiu o esforço de um grande número de soldados, e a falta de uma geração de homens fez com que as mulheres fossem encorajadas a substituí-los como força de trabalho, inclusive nas indústrias bélicas, nos hospitais, transportes e até em campos de guerra. 



Com isso, mulheres começaram a sair sozinha às ruas, e a obter uma independência que seria impensável nas décadas anteriores. A nova rotina diária imediatamente motivou mudanças de vestuário, a moda tornou-se mais modesta, prática e fácil de usar. Os espartilhos foram abandonados, e o visual “cheio de curvas” e sofisticado foi substituído por um visual andrógino, incorporando calças, macacões, jardineiras e vestidos longilíneos.




Porém, após a Primeira Guerra, o mundo ocidental conheceu uma época de recuperação e de prosperidade, e um clima de confiança, tanto na economia quanto em relação ao futuro.






Eram os “Loucos Anos 20”, a era do jazz, do charleston, dos cabarets, das casas de chá e dos clubes, e da preferência pelo teatro no lugar do cinema. 






















Nesta década houve um grande desenvolvimento da ciência, uma verdadeira explosão do saber científico, com descobertas significativas nas áreas da física, astronomia, medicina, psicologia, história, biologia, medicina. É neste período que se tornam conhecidos nomes como Einstein e sua Teoria da Relatividade e do Big Bang como explicação para a origem do Universo, que Freud divulga sua Teoria da Psicanálise, e que Fleming descobre a penicilina.





Também houve grande desenvolvimento na imprensa e a criação de vários jornais, revistas, e o surgimento de grandes cadeias de rádio como a NBC e a BBC. Na esteira desta publicidade, o teatro, as exposições de arte e o esporte também ganharam novo fôlego.











No Brasil, os novos tempos foram representados pela Semana da Arte Moderna, que aconteceu no Teatro Municipal do Rio de Janeiro reunindo os grandes nomes do Movimento Modernista nas artes plásticas, música e literatura.




Infelizmente, a sensação de paz e segurança, de crescimento e de confiança no futuro não duraria mais do quê uma década. 







Investir em ações de empresas quase havia se tornado um modismo dos anos 20, e mais dinheiro era gerado com especulação do quê com produção de bens. 




No início de 1929 – ou seja, no ano seguinte da estréia da OPERETA MARUMBY -, empresários norte americanos perceberam que havia uma baixa na produção de aço, na construção civil e na venda de automóveis, afetando as bolsas de valores onde ações destas empresas eram comercializadas.


A venda das ações tomou proporções catastróficas e atingiram seu clímax no dia 24 de outubro de 1929, que ficou conhecida como a “Quinta Feira Negra”.




Era o fim de um sonho. Os Loucos Anos 20 haviam acabado.





O “crash” da Bolsa de Valores de Wall Street teve repercussões dramáticas, atingindo bancos, produção agrícola e industrial. De uma hora para a outra, a miséria atingiu as cidades e o campo. A crise americana depressa atingiu outros países, e entre 1929 a 1933 a economia mundial conheceu a Grande Depressão e sucessivas dificuldades até que, em 1939, inicia a II Grande Guerra Mundial.

terça-feira, 14 de julho de 2015

PRIMEIRO ATO: CHAPÉU OU BOINA?


O quê o senhor prefere? 
Um belo e elegante chapéu, que destaca o porte distinto? 
Ou a boina leve dos estudantes, que revelam o espírito modernista e independente?







É com esta discussão que começa a OPERETA MARUMBY, cantando as mudanças de costumes da divertida Curitiba de 1928.


Nos elegantes cafés da pequena cidade, o chapéu era um acessório obrigatório para os distintos clientes.














Entretanto, os estudantes reivindicam o direito de ingressar nos cafés usando boinas, quebrando a tradição.                









Pois a  OPERETA MARUMBY é uma obra surpreendente.

Respeitadas as diferenças, lembra trabalhos de Villa Lobos com a inclusão de ritmos e melodias caracteristicamente regionais, em perfeita harmonia com a composição lírica. E nós, coralistas mas também ouvintes, cá estamos constantemente surpresos: depois de uma bela ária segue um tema sertanejo, e na fria madrugada da fria Curitiba a névoa toma tons de um canto sacro.


MARUMBY, ensaio de 13 de julho/2015. Da esquerda para direita, à frente: Viviam, Maestro Isaque Lacerda, Melody, Célia e Gisleine. Atrás estão o pianista Renato, Elaine Jones, João Yoran, Rodolpho, Thyncia, Ailson e Vanessa.


sexta-feira, 10 de julho de 2015

OPERETA MARUMBY - ENSAIO

E os ensaios continuam, a todo vapor! No (frio!) dia 09 de julho, recebemos as primeiras orientações do maestro Jaime Zenamon.


"Fim de ensaio", da esquerda para a direita: Vivian, maestro Isaque Lacerda, Ailson, Elaine, MAESTRO JAIME ZENAMON, Ben Hur, Kátia, James e Yoran Sebastian . Na frente, Bella, Camila e Melody






quarta-feira, 8 de julho de 2015

OPERETA MARUMBY - UM LIBRETO "ESCANDALOSO"?


A pesquisadora Angela Cristina Lorenzzoni, do Grupo de Pesquisa em Estudos em Musicologia, da Unespar/Embap, atuando na linha de pesquisa em Música Paranaense, publicou em 2014 um artigo intitulado BENEDITO NICOLAU DOS SANTOS(1878-1956): INTELECTUAL, COMPOSITOR, REGENTE, PROFESSOR, onde, citando pesquisa precedente de Santos, nos traz o curioso desabafo do autor, sobre o contexto em que a OPERETA MARUMBY foi levada aos palcos.

Confiram:




"Acerca das dificuldades de se escrever e montar uma opereta na Curitiba do início do século XX, são reveladoras as palavras do próprio Benedito Nicolau dos Santos, que transcrevemos a seguir.

 Pela temática e pela citação de alguns personagens, acredita-se tratar-se de Marumby:



Contento-me, porém, a crêr eu só no que digo. Dizendo o mais, também se vai ao menos. Agora êste “menos” para dizer em música, na terra onde se é preciso, antes de tudo, consultar o chefe de partido, o delegado de policia e a boa disposição dos colegas, preferivel é passa-lo de menos a mínimo. […]

Outra vez, instigado, arrisquei-me a fazer aquele mínimo por encomenda. Digo por encomenda porque já me contava incapaz de produzir algo por conta própria. Saiu uma como operêta regional de cousas e costumes da terra.

Resultado: - A policia depois de lêr e autorisar a representação visitou-me quatro vezes, à casa. Denuncias haviam surgido. Os consules reclamavam contra a inclusão de súditos, na peça. E para evitar conflitos e complicações internacionais, cortou a policia um alemão, um polaco e um italiano que haviam sido, à ultima hora, cunhados a conta dos que faziam de personagens.

Houve antes disso muito bate-boca, brigas, expulsão da troupe que andou de Herodes para Pilatos, sem casa ou teatro para os ensaios, além de exigências de pagamento adiantado disto e daquilo.

A peça, porém, foi empurrada e obteve brilhante sucesso de estreia na aldeia (SANTOS, 1936, v. 4, Prefácio).

SANTOS, Benedito Nicolau dos. Normas e Fatos. v. 1. Curitiba: Gráfica Mundial, 1948.







A CURITIBA DE 1928

A OPERETA MARUMBY fez estréia em 19 de dezembro de 1928.

Mas... o quê mais aconteceu em Curitiba, neste ano de 1928?


Em 03 e 04 de julho de 1928, caiu neve sobre Curitiba, transformando a paisagem ao gosto dos imigrantes e seus descendentes que aqui moravam.

 O cenário foi registrado em fotografias, que podem ser encontradas no Acervo da Casa da Memória de Curitiba.





A neve também foi registrada em filme pela empresa Botelho & Filho, e se encontra disponibilizada on line na iniciativa do historiador  Paulo José da Costa. Confira!






Neste ano, também abriu um bar... o CASA VELHA, Curioso que desde 1928, o bar está na mesma casa de madeira, no bairro Abranches, ao lado do cemitério da região. O bar foi aberto pela família Mickosz, e apesar de trocar de donos nas décadas que se passaram, voltou à direção da família e à administração essencialmente familiar, o que agrada aos clientes e cria vínculos com a comunidade.





Também foi no ano de 1928 que a poetisa Helena Kolody publicou sua primeira poesia, "A Lágrima" (porém, seu primeiro livro seria lançado somente na década de 40).



A LÁGRIMA   (seu primeiro poema)


Oh! lágrima cristalina 

Tão salgada e pequenina 

Quanta dor tu redimes 
Mesmo feita de amarguras 
És tão sublime tão pura 
Que só virtudes exprimes. 













Os carros da moda e objeto de desejo em 1928, eram muito elegantes.







 Confira o modelo Chrysler Sport Roadster 1928:







Falando em automóveis, também foi no ano de 1928 que Curitiba trocou a energia elétrica pelo petróleo, no transporte coletivo:








terça-feira, 7 de julho de 2015

COMEÇOU!

Aki estamos nós, primeiro ensaio do coro na OPERETA MARUMBY!

E de "nova casa", no interessante Teatro Rafael Greca, obra restaurada - os tijolos nas paredes do palco, são os originais da casa e remontam a mais de século!

Palco do Teatro Rafael Greca - Coro de Câmera do Coral Sinfônico do Paraná - da esquerda para direita: Aylson, João, Andrey, Thyncia, Elaine, Célia, Andressa. À frente: maestro Isaque Lacerda, Melody e Rodolpho.


Ensaio no Teatro Rafael Greca - Guairacá Cultural







segunda-feira, 6 de julho de 2015

BENEDITO POR BENEDITO


BENEDITO NICOLAU DOS SANTOS FILHO foi um historiador da cultura paranaense, que seguiu os passos do pai, BENEDITO NICOLAU DOS SANTOS. É do filho a autoria da obra ASPECTOS DA HISTÓRIA DO TEATRO NA CULTURA PARANAENSE, editado em 1979, volume que pode ser encontrado na Biblioteca do Círculo de Estudos Bandeirantes.

No Capítulo XVI, intitulado AS EXPRESSÕES CULTURAIS QUE FIZERAM O NOSSO TEATRO, o autor apresenta breves biografias dos principais expoentes da cultura paranaense e, entre estes, seu próprio pai, BENEDITO NICOLAU DOS SANTOS.



BENEDITO (pai) é apresentado por BENEDITO (filho), a fls. 201/213, nas seguintes palavras:



BENEDITO NICOLAU DOS SANTOS
Nascido em 10 de setembro de 1878.
Falecido em 9 de julho de 1956.
A cadeira nº 16 da Academia Paranaense de Letras tem como patrono Brasílio Itiberê da Cunha e como fundador, Paulo D’Assumpção, sendo ele o primeiro ocupante.
A cadeira º 23 da Academia Brasileira de Música foi fundada por Benedito Nicolau dos Santos e tem como patrono, Brasílio Itiberê da Cunha, (1848-1913), atualmente vaga.
Nasceu na cidade de Curitiba, filho de Manuel Gonçalves dos Santos de D. Benedita da Trindade Ribas. Aos oito anos de idade foi matriculado na Escola dos “Bons Meninos”, fundada e dirigida pelo professor José Cleto, concluindo, ali, seu curso primário. Passou para a Escola Normal, transferindo-se, logo depois para o Ginásio Paranaense, cujo curso, ali, não concluiu por motivo de saúde, para seguir, contra a sua vontade, a carreira comercial. Estudou, em companhia de Olívio Carnasciali, escrita e contabilidade mercantil, juntamente do contabilista e guarda livros Gabriel José do Nascimento.
Sentindo forte vocação artística, matriculou-se na Escola de Belas Artes do Paraná, dirigida pelo pintor português Antônio Mariano de Lima. Tomou lições particulares de música – solfejo, violino e piano – com o professor Joaquim Fernandes da Silva, de português e francês, com Justiniano de Melo e Silva, o de matemática, com o professor Alvaro Pereira Jorge e de alemão, com a professora Luiza Deck.
Ao atingir a maioridade, entrou na posse de um pequeno patrimônio, em propriedades que lhe foram legadas, usufruindo suficiente renda que lhe garantiu certa independência econômica. Pode, então, aperfeiçoar-se em música, estudando violoncelo com o mesmo maestro italiano Adolfo Corradi, harmonia e composição com o maestro espanhol Francisco Rodrigues Maiquez, compositor e regente da Companhia de Zarcuelas “Maria Alonso”, que ficou em Curitiba, lecionando piano e teoria, partiturando músicas para duas bandas militares. Por essa época, foi empregado auxiliar do Segundo Cartório do Tabelião de Notas e escrivão do Cível e Comércio do Gabriel Ribeiro. Organizou, por esse tempo, uma pequena orquestra de salão, ganhando a prática da composição ligeira e instrumentação.
Na Escola de Belas Artes, após o curso de três anos, integrou em prova final, o grupo selecionado cujos trabalhos de desenho a carvão, foram enviados à Exposição Universal de Chicago, onde a E.B.A.P., alcançou medalha de ouro. No período de 1902-1903, trabalhou, para experiência, no escritório de Firma Comercial Importadora de Leão Bueno & Cia. Abrindo-se, na ocasião, ma Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional, um concurso para empregos de Fazenda, nele se inscreveu, alcançando alta classificação. Foi, por isso, nomeado segundo escriturário da Alfândega de Paranaguá, em 19 de março de 1904.
No fim desse mesmo ano, foi designado para servir, como escrivão, na mesa de Rendas de Foz do Iguaçu, recém-criada. Seguiu, em março de 1905, em companhia de Manoel Azevedo de Silveira, um dos maiores poetas do simbolismo, no Brasil e autor do “Luar de Inverno”, que também fora nomeado administrador para a Colônia Militar, escalando por Montevidéu, Buenos Aires, Corrientes e Posadas. Dispensado da Comissão, foi mandado servir na Alfândega do Rio de Janeiro, no período de 1906 a 1907. No Rio, reiniciou seus estudos musicais com o maestro Cavalier Darbilly – diretor do Conservatório Livre, na ria do Carmo. Publicou, por essa época, suas primeiras composições – música de dança.
O intenso trabalho aduaneiro e as obsoletas teorias harmônicas do velho maestro desistimularam-no para prosseguir na carreira artística profissional e isso, quando por intermédio do maestro paranaense Bento Mossurunga, que dirigia o Teatro “Maison Moderne” lhe chegava a proposta de contrato da Empresa Pascoal Segretto, para dirigir o elenco artístico do Teatro Carlos Gomes. Decidiu-se pelo serviço público.
Em 1906, contraiu matrimônio com D. Maria Luiz Curial, de família curitibana, e retornou, em 1907, promovido a primeiro escriturário, à Alfândega de Paranaguá. Nesta antiga cidade, Benedito Nicolau dos Santos organizou uma pequena orquestra para a qual compunha músicas apropriadas ao cinema mudo e para funções religiosas. Nessa pequena orquestra, tocou Heitor Vila Lobos que, em Paranaguá, se deteve por algum tempo, em meio às suas andacás pelo Brasil e quando verificou a proficiência musical de Benedito Nicolau. Mais tarde, fixou-se, definitivamente, em sua cidade natal: Curitiba.
Tornou-se autodidata e dedicou-se, com perseverança a sérios estudos e pesquisas históricas, da ciência e das artes, mui especialmente sobre a música. Escreve, então, sua obra máxima – “Sonometria e Música” -, em quatro volumes, período de tempo, abrangendo os anos de 1916 a 1938, ano este em que começou a publicação desse trabalho que foi recebido, com acatamento e aplausos, pela crítica nacional e estrangeira. Apresentou esse trabalho em conferência no Rio de Janeiro, apresentado pelo musicólogo Luiz Heitor Correia de Azevedo. Como professor, lecionou português e outras matérias do curso ginasial, no Colégio Paroquial de Paranaguá. Em Curitiba, matérias do curso básico e as de finanças, na Academia Paranaense de Comércio e na Faculdade de Ciências Econômicas.
Foi um dos fundadores e organizadores do Círculo de Estudos Bandeirantes que muito tem influído na vida cultural do Paraná. Era membro da Academia Paranaense de Letras, do Centro de Letras do Paraná, membro correspondente do Instituto Histórico de Musicologia de Montevidéu, membro do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do Paraná, membro da Academia José de Alencar e de outras associações Culturais, fora do Estado. Foi um dos fundadores da Sociedade de Socorro aos Necessitados de Curitiba.
Fundou, em Paranaguá, o jornal “Mensageiro” e o “Vigilante” e, em Curitiba, o jornal “O Cruzeiro”, todos de orientação católica. Colaborou nas revistas simbolistas “O Sapo” e “Azul” (1900 e 1901), no “Itararé” (1920-1921), “Marinha” de Paranaguá, “Prata da Casa”, “Véritas”, “Boletim Latino Americano”, de Montevidéu.

Em Curitiba, sua colaboração foi permanente na revista “Correio dos Ferroviários” e os jornais da época: “O Dia”, “Gazeta do Povo”, “Diário da Tarde”, escrevendo sobre os mais variados assuntos e, principalmente, como crítico musical, sob o pseudônimo de “Jack Lino”.
Foram suas principais produções: Obras de Musicologia: “Sonometria e Música” – 4 volumes, Livraria Mundial, Curitiba, 1931 a 1935. “A Pauta Sinfônica”, “A Pauta Sintética” -, inéditas. “Tertúlias Musicais”, em alguns fascículos e um livro didático às escolas, “Cantigas de Infância”, com letras do poeta Francisco Leite, em 1921.
Operetas: “Vovozinha”, com letra de Emiliano Perneta. Representada, pela primeira vez, no dia 13 de maio de 1917, no antigo Clube Literário de Paranaguá, depois em Curitiba e Ponta Grossa, em 1921. “Rosa Vermelha” em um ato, letra do poeta simbolista José Gelbeck. “Marumby”, opereta em três atos, letra do próprio autor, representada, pela primeira vez, em 19 de dezembro de 1928 no antigo Teatro Guaíra, pelo grupo teatral da Sociedade Renascença, sob o patrocínio do Dr. Alfonso Alves de Camargo, Presidente de Estado. E ainda, “Pequena Cantora” em três atos, letra do grande poeta Leôncio Correia.
Peças teatrais: “Erros do Coração” – comédia em três atos (1930) – “O Homem de Saia” – comédia de três atos (1932) – “Lição de Amiga” – comédia em um ato (1932) – “O Voto Feminino” – (1928). Formou com as outras, o volume “Teatro Inédito”.
Obras Diversas: “Normas e Fatos” – filosofia e crítica (1948 e 1949) – “Curitiba e o Ivo” - estudo sobre Curitiba antiga e seus chafarizes – “Lendas e Crônicas de Curitiba Antiga” – inédito. É de se mencionar, ainda, o trabalho “Retalhos do Passado”, da Revista da Academia Paranaense de Letras, 1948, de interesse para o estudo da figura do eminente filósofo paranaense Euzébio Silveira da Mota.


sábado, 4 de julho de 2015

VAI COMEÇAR!

Aguardem... que aí vem a divertida e alegre Curitiba dos anos 20... OPERETA MARUMBY!