quarta-feira, 8 de julho de 2015

OPERETA MARUMBY - UM LIBRETO "ESCANDALOSO"?


A pesquisadora Angela Cristina Lorenzzoni, do Grupo de Pesquisa em Estudos em Musicologia, da Unespar/Embap, atuando na linha de pesquisa em Música Paranaense, publicou em 2014 um artigo intitulado BENEDITO NICOLAU DOS SANTOS(1878-1956): INTELECTUAL, COMPOSITOR, REGENTE, PROFESSOR, onde, citando pesquisa precedente de Santos, nos traz o curioso desabafo do autor, sobre o contexto em que a OPERETA MARUMBY foi levada aos palcos.

Confiram:




"Acerca das dificuldades de se escrever e montar uma opereta na Curitiba do início do século XX, são reveladoras as palavras do próprio Benedito Nicolau dos Santos, que transcrevemos a seguir.

 Pela temática e pela citação de alguns personagens, acredita-se tratar-se de Marumby:



Contento-me, porém, a crêr eu só no que digo. Dizendo o mais, também se vai ao menos. Agora êste “menos” para dizer em música, na terra onde se é preciso, antes de tudo, consultar o chefe de partido, o delegado de policia e a boa disposição dos colegas, preferivel é passa-lo de menos a mínimo. […]

Outra vez, instigado, arrisquei-me a fazer aquele mínimo por encomenda. Digo por encomenda porque já me contava incapaz de produzir algo por conta própria. Saiu uma como operêta regional de cousas e costumes da terra.

Resultado: - A policia depois de lêr e autorisar a representação visitou-me quatro vezes, à casa. Denuncias haviam surgido. Os consules reclamavam contra a inclusão de súditos, na peça. E para evitar conflitos e complicações internacionais, cortou a policia um alemão, um polaco e um italiano que haviam sido, à ultima hora, cunhados a conta dos que faziam de personagens.

Houve antes disso muito bate-boca, brigas, expulsão da troupe que andou de Herodes para Pilatos, sem casa ou teatro para os ensaios, além de exigências de pagamento adiantado disto e daquilo.

A peça, porém, foi empurrada e obteve brilhante sucesso de estreia na aldeia (SANTOS, 1936, v. 4, Prefácio).

SANTOS, Benedito Nicolau dos. Normas e Fatos. v. 1. Curitiba: Gráfica Mundial, 1948.







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